Intitulado “Oræ — Experiences on the Border”, (oræ, que em latim que significa “fronteiras”) o pavilhão suíço para a 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza explora as diversas dimensões de um país de muitas fronteiras, investigando desde questões territoriais a assuntos políticos. Concebido por uma equipe multidisciplinar de arquitetos e artistas da cidade de Genebra, entre eles Mounir Ayoub e Vanessa Lacaille do escritório Laboratoire d'Architecture, o cineasta Fabrice Aragno e o escultor Pierre Szczepanski, o pavilhão apresenta uma série de projetos participativos desenvolvidos ao longo das fronteiras da Suíça, os quais evidenciam a diversidade do território helvético, de seus habitantes, da sua arquitetura e muito mais.
Iniciado ainda no final de 2019, o projeto expositivo desenvolvido para o pavilhão suíço da Bienal de Arquitetura de Veneza começou com uma viagem da equipe de curadores pelas fronteiras do país, durante a qual eles visitaram uma série de cidades e povoados nos confins da Suíça, encontrando-se com os moradores e convidando-os a refletir sobre o próprio significado de “fronteira”. “Aos poucos, fomos substituindo a ideia de limite pelo conceito de relações, construindo uma nova linha de referência sobre a qual se desenha a fronteira do nosso país. Neste processo de questionamento crítico, as certezas e limitações foram sendo superadas uma a uma, abrindo espaço para um outro território, estabelecendo um outro tipo de mapa que não aquele geo-político—uma paisagem composta por sentimentos e emoções”.
Não foi apenas a Bienal de Veneza que teve de ser remanejada por consequência da pandemia. A nossa percepção em relação às antigas fronteiras nacionais, geográficas e políticas parece que nunca mais será a mesma, uma situação imprevisível que finalmente deu ao projeto um completo novo significado. Aproveitando a decisão da Bienal de adiar o evento de 2020 para este ano, a equipe de curadores revisitou as regiões exploradas antes da pandemia para investigar as consequências de seus desdobramentos na maneira como as pessoas se relacionam com o território. Com o principal objetivo de estimular o processo de reflexão dos moradores, os curadores desenvolveram uma série de workshops de escrita criativa—o qual se desdobrou no projeto de um fórum móvel desenhado e construído pelos alunos da Universidade de Ciências Aplicadas de Berna. Esta estrutura sobre rodas permitiu estabelecer um espaço de diálogo entre os curadores e os moradores das regiões de fronteira do país, resultando em um vasto e completo estudo de caso sobre as experiências de vida das pessoas que habitam estas regiões.
Através de seus processos participativos e o engajamento das comunidades locais, o “Oræ - Experiences on the Border” procura chamar a nossa atenção para a complexidade das estruturas sociais e culturais deste território—oferecendo uma plataforma para que as pessoas possam se manifestar e exercer seus direitos. Desta forma, a principal intenção deste projeto foi trazer a periferia para o centro do debate, desafiando o senso comum sobre as regiões de fronteira, como elas são e como seus habitantes se comportam. - Madeleine Schuppli, diretora da secretaria de artes visuais do Swiss Arts Council Pro Helvetia
O resultado desta pesquisa, ou melhor, desta experiência de fronteira, será apresentado no pavilhão suíço na próxima edição da Bienal de Arquitetura de Veneza. Além disso, todo o material coletado pela equipe de curadores do pavilhão está sendo compilado em forma de livro, o qual apresentará um percurso narrativo a partir dos depoimentos dos moradores, além de uma série de textos e entrevistas com importantes personagens dos campos das ciências sociais e humanas.
- Equipe de projeto: Fabrice Aragno, Mounir Ayoub, Vanessa Lacaille e Pierre Szczepski.
- Colaboradores: Noémie Allenbach, Benoît Beurret, Jürg Bührer e Annabelle Voisin
- Representantes: Swiss Arts Council Pro Helvetia Madeleine Schuppli, Head of Visual Arts; Sandi Paucic, Project Leader; Rachele Giudici Legittimo, Project Manager